Aconteceu no final do primeiro semestre de 2008, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), entidade máxima que discute e define as legalidades do esporte no Brasil, deu uma mancada daquelas. Para muitos, mais um fato polêmico envolvendo a entidade. O prejudicado na ocasião, foi o time do futebol pernambucano, Clube Náutico Capibaribe, e quase sobra para o Sport Clube Recife – também do estado – na final da Copa do Brasil também daquele ano (2008). O Náutico jogou com o Botafogo do Rio de Janeiro no Estádio dos Aflitos, sua sede, pelo Campeonato Brasileiro. Houve uma confusão e, simplesmente, o Estádio dos Aflitos ficou impedido de receber os jogos do Campeonato até o Náutico ser julgado. Depois de mais de duas semanas, o alvirrubro pernambucano foi absolvido. Mas o estrago já tinha acontecido, afinal de contas, na prática o clube foi penalizado sem ter o direito de defesa. Ou seja, a justiça fez-se com injustiça, uma vez que o clube pernambucano acabou sendo inocentado depois de levar a penalidade. Infelizmente casos como este, estão cada vez mais freqüentes em nossa sociedade, não só na área esportiva como nas diversas outras áreas. Gente que é julgada antes mesmo de sua defesa. É algo para se refletir.
Mas, voltando ao que aconteceu com o Náutico, só para relembrar a história: num jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de Futebol da Série A (1ª Divisão), o jogador (zagueiro) do Botafogo, André Luís, foi expulso; recusou-se a sair de campo; reagiu ao solicitado pedido de ajuda policial; jogou objeto na torcida (atingindo, inclusive, um senhor de idade); e ofendeu autoridade policial ao não conseguir entrar nos vestiários da forma que ele queria – a pulso – porque o local fica normalmente trancado durante a realização do jogo para evitar invasão ou confronto de diretorias e seguranças dos clubes envolvidos e policiais. Segundo a Federação Pernambucana de Futebol, responsável pela administração da partida de futebol, durante os jogos no Estado, este é um procedimento legal. Resultado dessa confusão: terminou o jogador tendo que sair por um espaço no meio da torcida. Durante a saída de André Luiz, o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, tentou interferir na ação policial, segundo ele, para “defender” o jogador da “agressão” que o mesmo estava sofrendo. Na verdade, a interferência do dirigente foi violenta. Ele partiu para cima dos policiais que tiveram que o conter, o detendo também. No final, André Luiz foi penalizado e Bebeto vai responder judicialmente por desacato a autoridade.
Tudo isso ocorreu sem em nenhum momento haver participação dos jogadores, da torcida e do Clube Náutico Capibaribe no acontecimento. A única participação alvirrubra foram os gritos da torcida. Mas não houve invasão de campo; ninguém jogou objetos das arquibancadas para o gramado; não aconteceu pancadaria entre os jogadores nem entre os torcedores nem dirigentes das equipes de futebol que estavam jogando. Sendo assim, não fazia sentido o Náutico ser penalizado. Nada justifica. Não foi ele que arrumou a confusão, mas sim, o jogador e o dirigente do Botafogo.
A história terminou com o Náutico absolvido. Mesmo assim, por conta da demora do julgamento, em virtude da aquisição de provas, o clube pernambucano deixou de jogar, na época, acreditem três vezes em seu campo (Estádio dos Aflitos). Ou seja, na prática foi uma punição. Por tudo que foi exposto duas ficaram no ar: Por quê em nosso País, muitas vezes, a justiça se faz com injustiça ou de forma bastante atrasada? Até quando a sociedade brasileira ficará “refém” da falta de critérios uniformes, do excesso de burocracia, da pouca estrutura e de possíveis “influências externas” na justiça do Brasil, inclusive na desportista?
BEBETO DE FREITAS - E eu vou contar uma coisa a vocês, caros leitores, eu me surpreendi com a atitude de Bebeto de Freitas, pois o considero um senhor correto. Bebeto de Freitas já foi técnico de seleções de vôlei como as do Brasil e da Itália e sempre me pareceu ser um cara equilibrado. Nos debates de mesas redonda que já o vi participar, o dirigente sempre se mostrou um cara consciente e crítico da realidade do futebol brasileiro, dando, em várias oportunidades, opiniões bastante pertinentes, consistentes para a melhoria deste esporte no País. Como diz o ditado: “nada como um dia após o outro”.
Texto de Eduardo Maia, jornalista (DRT-PE: 3.444) – 27.07.2008 (atualizado em 11.06.2009)
Mas, voltando ao que aconteceu com o Náutico, só para relembrar a história: num jogo válido pelo Campeonato Brasileiro de Futebol da Série A (1ª Divisão), o jogador (zagueiro) do Botafogo, André Luís, foi expulso; recusou-se a sair de campo; reagiu ao solicitado pedido de ajuda policial; jogou objeto na torcida (atingindo, inclusive, um senhor de idade); e ofendeu autoridade policial ao não conseguir entrar nos vestiários da forma que ele queria – a pulso – porque o local fica normalmente trancado durante a realização do jogo para evitar invasão ou confronto de diretorias e seguranças dos clubes envolvidos e policiais. Segundo a Federação Pernambucana de Futebol, responsável pela administração da partida de futebol, durante os jogos no Estado, este é um procedimento legal. Resultado dessa confusão: terminou o jogador tendo que sair por um espaço no meio da torcida. Durante a saída de André Luiz, o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, tentou interferir na ação policial, segundo ele, para “defender” o jogador da “agressão” que o mesmo estava sofrendo. Na verdade, a interferência do dirigente foi violenta. Ele partiu para cima dos policiais que tiveram que o conter, o detendo também. No final, André Luiz foi penalizado e Bebeto vai responder judicialmente por desacato a autoridade.
Tudo isso ocorreu sem em nenhum momento haver participação dos jogadores, da torcida e do Clube Náutico Capibaribe no acontecimento. A única participação alvirrubra foram os gritos da torcida. Mas não houve invasão de campo; ninguém jogou objetos das arquibancadas para o gramado; não aconteceu pancadaria entre os jogadores nem entre os torcedores nem dirigentes das equipes de futebol que estavam jogando. Sendo assim, não fazia sentido o Náutico ser penalizado. Nada justifica. Não foi ele que arrumou a confusão, mas sim, o jogador e o dirigente do Botafogo.
A história terminou com o Náutico absolvido. Mesmo assim, por conta da demora do julgamento, em virtude da aquisição de provas, o clube pernambucano deixou de jogar, na época, acreditem três vezes em seu campo (Estádio dos Aflitos). Ou seja, na prática foi uma punição. Por tudo que foi exposto duas ficaram no ar: Por quê em nosso País, muitas vezes, a justiça se faz com injustiça ou de forma bastante atrasada? Até quando a sociedade brasileira ficará “refém” da falta de critérios uniformes, do excesso de burocracia, da pouca estrutura e de possíveis “influências externas” na justiça do Brasil, inclusive na desportista?
BEBETO DE FREITAS - E eu vou contar uma coisa a vocês, caros leitores, eu me surpreendi com a atitude de Bebeto de Freitas, pois o considero um senhor correto. Bebeto de Freitas já foi técnico de seleções de vôlei como as do Brasil e da Itália e sempre me pareceu ser um cara equilibrado. Nos debates de mesas redonda que já o vi participar, o dirigente sempre se mostrou um cara consciente e crítico da realidade do futebol brasileiro, dando, em várias oportunidades, opiniões bastante pertinentes, consistentes para a melhoria deste esporte no País. Como diz o ditado: “nada como um dia após o outro”.
Texto de Eduardo Maia, jornalista (DRT-PE: 3.444) – 27.07.2008 (atualizado em 11.06.2009)